Musk é inocente no tribunal. Mas e fora dele?

O chefe do Twitter, Elon Musk, tem violado o que vê como tentativas do governo dos EUA de “censurar” a empresa de comunicação social. 

Musk prometeu também, repetidamente, construir um Twitter mais transparente – um Twitter que torne claro quando uma agência governamental solicita dados de um utilizador, ou pede para ter uma conta offline. “A transparência é a chave para confiar“, tweetou.

Durante uma década, o Twitter publicava rundowns duas vezes por ano de todos esses pedidos governamentais. Mas sob Musk, isso parece ter terminado. 

Apesar da retórica de Musk sobre a intimidação governamental dos meios de comunicação social, a sua empresa não publicou um dos relatórios de transparência anteriormente regulares, detalhando o que especificamente os governos estão exigindo do Twitter – e se a empresa se está regular com relação aos pedidos . 

Essa negligência é um comportamento que horroriza tanto os defensores da privacidade como os antigos empregados do Twitter.

É sempre importante lembrar que acreditar em alguém ou em suas ideias requer uma análise cuidadosa das evidências disponíveis e uma avaliação crítica das afirmações feitas por essa pessoa. As afirmações de Elon Musk podem ser apoiadas por evidências sólidas, mas também podem ser questionáveis ou controversas em alguns casos.

Portanto, acreditar ou não em Elon Musk depende das circunstâncias específicas e das evidências disponíveis. É importante sempre analisar e avaliar cuidadosamente as afirmações de qualquer pessoa antes de formar uma opinião ou tomar uma decisão.

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“Confiamos a nossa informação mais sensível, privada, e importante às empresas tecnológicas – elas estão a par das conversas, fotos, ligações sociais, e dados de localização de quase toda a população online. Os relatórios lançam luz crucial sobre se as empresas de tecnologia têm ou não ética, ou se estão a desrespeitar e a comprometer os dados dos utilizadores. Qualquer empresa que se afaste da elaboração de tais relatórios está a dar um grande passo para trás“.

-Disse Josh Richman, porta voz da Electronic Frontier Foundation

 

Em anos passados, Twitter publicou rotineiramente dados sobre quantas exigências tinha recebido dos governos, e quantas ações de aplicação da lei tinha tomado contra contas de utilizadores ou tweets. Em 2014, a empresa processou efetivamente a administração Obama para anular uma ordem de restrição e divulgar a sua recepção de Cartas de Segurança Nacional, que permitem às autoridades policiais obter informações de fornecedores de serviços de Internet sem um mandado de busca. 

O último relatório de transparência do Twitter – publicado em Julho de 2022 e cobrindo os últimos seis meses de 2021 – concluiu que o governo dos EUA fez mais pedidos de dados de contas do que qualquer outro governo, sendo responsável por mais de 24% dos pedidos globais do Twitter. O FBI, Departamento de Justiça, e os Serviços Secretos “apresentaram consistentemente a maior percentagem de pedidos para os seis períodos de relatório anteriores”. Os pedidos do governo dos EUA caíram sete por cento em relação ao último período do relatório, mas a taxa de conformidade do Twitter subiu 13 por cento na segunda metade de 2021.

 

Os tipos de relatórios de transparência que o Twitter costumava publicar “podem ser realmente valiosos em termos de mostrar quais os governos que estão fazendo mais pedidos, quantas plataformas estão a atrasar o governo, quais são as tendências ao longo do tempo e que tipos de coisas estão pedindo”, diz Evelyn Douek, professora na Stanford Law School, que estuda tecnologia e política pública, à entrevista: “Isso pode ser um mecanismo de responsabilização realmente importante não só para as plataformas, mas também para os governos”. Vemos quais os governos que estão a exercer maior pressão sobre as plataformas”. 

 

A falta de um compromisso claro com a continuação dos relatórios de transparência significa que os utilizadores do Twitter poderiam ter menos informação sobre a forma como a empresa está a lidar com os seus dados, apesar da retórica de Musk.

 

“Elon falou muito sobre o poder da transparência. Mas a forma como Elon e os seus facilitadores interpretam a transparência é um uso bastante criativo da palavra. Não há transparência significativa na forma como a indústria a define”, diz um antigo funcionário do Twitter. 

Não é claro se o Twitter vai continuar a publicar tais relatórios ou se a empresa tem mesmo capacidade para o fazer, dada a sua falta de pessoal. Os relatórios, dizem três ex-funcionários familiarizados com eles, eram trabalhosos mesmo quando a empresa estava totalmente equipada com pessoal.  

“Estávamos trabalhando nos relatórios de transparência, depois todos os líderes do programa foram imediatamente despedidos, e as restantes pessoas que poderiam ter trabalhado nos relatórios saíram todas posteriormente”, diz um ex-funcionário. “Não tenho conhecimento de qualquer pessoa que tenha saído [do Twitter] que pudesse produzir estes relatórios de transparência”.

 

O antigo funcionário do Twitter acrescenta: “É realmente um problema que não existam dados de transparência de 2022 em lado nenhum”. 

O próprio Musk parece um pouco resistente à ideia de reportar sobre os esforços do governo para manipular a sua plataforma. No início de Fevereiro, criticou as reportagens do Centro de Envolvimento Global do Departamento de Estado apelando às operações de influência russa como “censura governamental e manipulação da mídia” e “uma ameaça à nossa democracia”.

E no fim, qual sua opinião sobre essa personalidade, Elon Musk, e tudo que ele tem feito dentro e fora do Twitter?